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Procura Avançada
Espaços, públicos e projetos


A propósito do artigo «Penser la cohabitation des publics: exemples à Bilbao et Saint-Sébastien», de Adèle Martin (Bpi), surge-nos a necessidade de partilhar e convidar à reflexão sobre a coabitação de públicos e de valências no espaço público das bibliotecas:

São duas as abordagens que têm como exemplo dois equipamentos distintos: a Biblioteca/Mediateca BBK, em Bilbao e o Medialab, em Sain Sebastian.

A Mediateca BKK, no Centro Cultural Alhóndiga, assume-se como um lugar para conectar, criar e pensar em torno da cultura contemporânea. As três ações estão presentes nos três pisos da biblioteca e materializam-se nos diferentes espaços em três atmosferas sonoras distintas de acordo com o tipo de utilização prevista: barulho, murmúrios, silêncio. Em cada nível, o próprio espaço é organizado em “caixas” que delimitam coleções, serviços e programação. 

 

O Medialab do Centro Cultural Tabakalera, nascido da fusão da biblioteca Ubiq, dedicada à criação, com o laboratório cidadão Hirikilabs, assume-se como uma plataforma para facilitar o acesso do público à cultura, à aprendizagem, à experimentação e ao conhecimento, combinando serviços de mediateca (arte, música, cinema, literatura, video jogos, etc,) e de makerspace, mas onde o utilizador pode ir apenas para ler um jornal enquanto toma um café. Dispõe de equipamentos destinados a experimentar e desenvolver projetos, capazes de promover a criação de comunidades e de alimentar redes locais, percebidas como forças motrizes de transformação social. A equipa aposta no civismo dos utilizadores e na auto-regulação das diferentes comunidades de públicos para que seja possível a coexistência de usos e a coabitação de todos: todos os tipos de atividades são possíveis para utilizadores de todas as idades!

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Foto @MediaLab Tabakalera      

A identidade do Medialab e o seu projeto centrado na criação e experimentação contemporânea afirmam-se pela existência de espaços vocacionados para usos específicos, devidamente apetrechados. Apesar disso, não existe uma separação material clara entre os espaços, utilizando-se o modelo de "recantos":
  • A zona de edição e produção audiovisual está equipada com uma dezena de computadores onde foi instalado um software que permite tratamento de imagens, fotografias, som e texto, em diferentes sistemas operativos, havendo também uma zona fixa para filmagens, auto-edição e um "green screen"; 
  • A zona Lab, alberga estações de trabalho equipadas com as ferramentas e tecnologias necessárias às práticas criativas e experimentais aí fomentadas. Uma delas, por exemplo, é reservada às atividades têxteis, com máquinas de costura e bordados e uma prensa de transfer. Outra, é dedicada ao trabalho eletrónico, à robótica e à soldagem. Há também uma estação de digitalização, uma estação de impressão digital 3D e uma estação de corte a laser. O espaço reservado ao desenho técnico disponibiliza um conjunto de ferramentas gráficas e digitais e uma plotter para fazer impressões de grande formato;
  • No espaço do Projeto "Precious Plastic", cujo objetivo é desenvolver soluções para conter a poluição plástica, partilham-se técnicas e ferramentas gratuitas para reutilizar ou transformar plásticos.

Concluindo,
Em ambos os equipamentos se procurou aproximar os diferentes públicos e facilitar a multiplicidade de utilizações possíveis. Enquanto que em Bilbao se optou por reservar espaços para públicos específicos, de forma a evitar uma apropriação excessiva de alguns públicos que acabariam por excluir outros, em San Sebastián, fez-se coexistir diferentes usos no mesmo espaço, apostando na autorregulação e no respeito pelos outros. 

Delimitando e regulamentando, ou abrindo e convivendo, estas duas abordagens devem ser consideradas à luz do contexto em que os equipamentos se inserem. E se os hábitos locais podem contribuir para que uma abordagem ou outra seja mais adequada, o tipo de frequência e de públicos são cruciais nas opções que acabam por ser feitas. 

Em comum, nas duas abordagens: as coleções são oferecidas como parte de um projeto global que inclui a mediação. Os espaços são, de facto, projetados para acomodar e associar, tanto uma oferta documental, como uma programação cultural ou educativa. Esta globalidade dos projetos contribui para tornar os diferentes espaços vivos e atrativos.
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Fotos @Adèle Martin 

15-03-2023 | RD    
    
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Última Actualização em: 01-06-2023