Na sequência da sua palestra "Novas Formas de Mediação nas Bibliotecas Francesas" no âmbito do 10.º Seminário Internacional de Bibliotecas Públicas e Comunitárias que decorreu em outubro passado em São Paulo, Mélanie Archambaud, atual responsável pela cooperação na Rede de Bibliotecas Públicas Municipais de Bordéus, deu uma entrevista ao Estadão, Jornal Digital de São Paulo, onde defende a necessidade de transformação das bibliotecas no sentido de estas se manterem vivas, participativas e conectadas ao mundo e às comunidades. Dá como o exemplo as Bibliotecas de Bordéus, cuja grande parte dos conteúdos estão acessíveis online bem como o facto de praticarem um horário alargado, estando abertas pelo menos até às 22h com diversas atividades a acontecer nos seus espaços.

Para Mélanie, as bibliotecas de sucesso são aquelas onde os utilizadores podem escolher os livros nas estantes como se estivessem em livrarias, podem assistir a filmes e podem ter formação sobre temas tão diferentes como robótica ou utilização de smartphones para idosos.

A biblioteca é um local de cidadania, cujo objetivo principal é permitir o acesso à informação tendo como finalidade a construção e emancipação de indivíduos na sociedade. O acesso ao conhecimento e à informação deve ser o mais igualitário possível. Esse acesso, que durante anos foi baseado apenas no acesso a livros, hoje deve ser compartilhado com os novos suportes e formas de construir, pensar e divulgar a informação e o conhecimento.

"Não se trata de ser tecnológico para ser moderno ou atraente, mas pensar no acesso à informação que corresponda às práticas e às realidades de hoje, integrando as ferramentas digitais no exercício de suas missões"
As bibliotecas devem integrar na sua organização a nova cadeia da transmissão do conhecimento que é cada vez mais horizontal, reconhecendo nos utilizadores potenciais recursos de informação e conhecimento.
As bibliotecas abrem assim um novo caminho para o mundo da informação e do conhecimento, conectando os utilizadores e os conteúdos para além de quaisquer limites geográficos, sociais e culturais.
"De facto, nada muda nas missões fundamentais das bibliotecas: lembremo-nos que a biblioteca não é um lugar, mas é sobretudo uma organização dotada da missão de democratização do acesso ao conhecimento e à cultura"
20-11-2017 RD